A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) aprovou nesta quinta-feira (17) um projeto de lei que institui o 1º de agosto como Dia Nacional do Maracatu, manifestação cultural popular tradicional de Pernambuco que envolve ritmo musical, dança e vestimentas. O relator, senador Humberto Costa (PT-PE), apresentou parecer favorável ao texto (PL 397/2019), que seguirá para votação em Plenário.
A proposição é de autoria da então deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), atual vice-governadora de Pernambuco. Ela escolheu a data para coincidir com a comemoração do Dia do Maracatu, instituído por Pernambuco em 1997 — ano da morte do mestre Luís de França, que comandou por 40 anos o Maracatu Leão Coroado, grupo que tem 157 anos de existência. A data de nascimento de Luís de França, 1º de agosto, foi escolhida para a celebração da data.
Há um Dia Estadual do Maracatu também no Ceará e datas comemorativas municipais em algumas cidades de Pernambuco.
Humberto destacou a história do maracatu, relatando que ele surgiu no período da escravatura, aproximadamente entre os séculos 17 e 18, como uma mistura de culturas africanas, ameríndias e europeias.
— O nascedouro da manifestação compreende a região hoje abarcada pelo estado de Pernambuco, especialmente as cidades de Recife, Olinda e Igarassu que, à época, incluía também os municípios de Itapissuma, Abreu e Lima e Itamaracá — disse o relator.
Caracterizado pelo tambor de alfaia, o maracatu inclui dança, instrumentos e vestimentas típicos e sincretismo religioso. Pode ser dividido em dois grandes grupos: o maracatu nação (ou do baque-virado) e o maracatu rural ou do baque-solto (também chamado de maracatu de orquestra, maracatu de trombone e maracatu de baque singelo). O primeiro é muito comum na região metropolitana do Recife e é considerado o mais antigo ritmo afro-brasileiro. Já o segundo é associado ao ciclo canavieiro da Zona da Mata Norte de Pernambuco. Ambos estão inscritos como bens culturais imateriais no Livro de Registro das Formas de Expressão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“Atualmente existem grupos percussivos que trabalham com elementos da cultura do maracatu em quase todos os estados brasileiros e em diversos países, como Canadá, Inglaterra, França, Estados Unidos, Japão, Escócia, Alemanha, Espanha, entre outros”, afirma Luciana Santos na justificação do projeto.
Segundo a autora, a manifestação cultural ocorre durante as comemorações do Carnaval e no período da Páscoa, unindo dança, música e poesia. O maracatu rural tem como personagem central o caboclo de lança. Já o maracatu nação traz um conjunto musical percussivo e um cortejo real, evocando as coroações de reis e rainhas do Congo africano. Os grupos apresentam um espetáculo recheado de simbologias e marcado pela beleza e pela musicalidade, que têm seu principal momento do ano nas apresentações do período carnavalesco. Para ser reconhecido como maracatu nação, o grupo precisa ser ligado a uma religião de matriz africana e ocupar território fixo.
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