O Plenário do Senado aprovou, nesta quinta-feira (10), projeto que estabelece o mês de março como o Mês de Conscientização sobre o Câncer de Cólon e Reto (PL 5.024/2019). De autoria do deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP) e relatado pela senadora Zenaide Maia (Pros-RN), a proposta estabelece que durante o mês de março sejam realizadas campanhas educativas e informativas de forma a educar a população e prevenir o surgimento da doença. Como foi modificado no Senado, a matéria volta para nova análise da Câmara dos Deputados.
O texto já havia sido aprovado em agosto do ano passado na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Zenaide também foi a relatora na comissão. Ela retirou da proposta um artigo que previa que caberia ao gestor federal do Sistema Único de Saúde (SUS) promover eventos e atividades para divulgação, de forma integrada com estados e municípios, do câncer de cólon e reto e das formas de prevenção dessa enfermidade.
Para a senadora, a matéria é louvável. Ela disse que é preciso considerar a relevância da medida diante da importância epidemiológica dessas doenças no país e do fato de que a medida mais efetiva de combate depende da conscientização da sociedade. Segundo Zenaide, o projeto é importante para dar visibilidade às medidas de prevenção e ao diagnóstico precoce.
— O câncer colorretal tem grande incidência de cura, quando diagnosticado precocemente. O projeto pode empoderar a população e chamar a atenção para a realidade da doença — afirmou relatora, que é médica.
O senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que também é médico, elogiou a iniciativa do autor e o trabalho da relatora. Ele ressaltou a importância de uma alimentação saudável e da prática de atividades físicas como forma de diminuir o risco da doença. Nelsinho também incentivou os exames regulares, como forma de buscar um diagnóstico precoce.
Izalci Lucas (PSDB-DF) também elogiou o projeto e as campanhas em favor da saúde. O senador lamentou, no entanto, o que chamou de “propaganda enganosa”, pois muitas vezes o paciente não encontra o acolhimento necessário nos hospitais públicos. Na mesma linha, Jayme Campos (DEM-MT) disse que o projeto é “meritório”, mas cobrou mais qualidade no atendido da saúde pública.
— Os investimentos precisam ser feitos com prioridade. Só campanha não resolve. Precisamos ter atendimento de qualidade — cobrou Jayme Campos.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimou que, em 2020, houve 17.760 novos casos de câncer colorretal em homens (7,9% do total de novos casos de câncer) e de 16.590 novos casos em mulheres (7,4% do total).
Para os homens, o câncer colorretal é o terceiro tipo mais comum de câncer. O primeiro é o de próstata, respondendo por 29,2% do total, e o segundo é o câncer de traqueia, brônquio e pulmão, totalizando 9,1 % de todos os casos de câncer em homens. No caso das mulheres, é o segundo tipo mais comum, só perdendo para o câncer de mama, que é responsável por 29,7% do total de novos casos de câncer feminino. Em relação à mortalidade, o câncer colorretal é a terceira causa de morte por câncer para homens e mulheres, sendo responsável por 8% e 9,3%, respectivamente, dos óbitos por neoplasias de forma geral.
De acordo com o Inca, as estratégias para a detecção precoce do câncer são o diagnóstico precoce (abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas iniciais da doença) e o rastreamento (aplicação de exame numa população assintomática, aparentemente saudável, com o objetivo de identificar lesões sugestivas de câncer, e encaminhamento dos pacientes com resultados alterados para investigação diagnóstica e tratamento).
Alguns sintomas que podem indicar a doença são perda de peso sem razão aparente, anemia, alteração do hábito intestinal (constipação e diarreia) e sangue nas fezes. Entre os fatores de risco para o aparecimento da doença estão: herança genética, obesidade, sedentarismo, tabagismo e consumo exagerado de alimentos processados, carne vermelha e bebidas alcoólicas.
Entre as medidas de prevenção estão o combate ao fumo e ao álcool; atividade física com regularidade; alimentação rica em fibras e livre de alimentos ultraprocessados e açúcares; e redução no consumo de carnes vermelhas. Também é recomendado estar em dia com as consultas médicas.
A campanha Março Azul, que já é feita na Europa e nos Estados Unidos, chegou nos últimos anos ao Brasil por iniciativa da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed). A campanha conta com o apoio da Associação Médica Brasileira (AMB), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e de outras entidades. O objetivo é mobilizar e conscientizar a população e os profissionais de saúde a respeito dos riscos do câncer colorretal. Com a votação completa no Congresso Nacional e com a sanção da Presidência da República, essa campanha estará prevista em lei.
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