Participantes de sessão solene realizada nesta sexta-feira (25) na Câmara dos Deputados pelo Dia Internacional da Síndrome de Down (21 de Março), pediram avanços na legislação, como a adoção da linguagem simples pela sociedade. Também defenderam a garantia de que não haverá retrocessos em temas como a inclusão educacional.
A representante do Movimento Down Patrícia Almeida apresentou uma cartilha sobre violência contra crianças feita em linguagem simples:
“Inclusão é acessibilidade. Sem acessibilidade, não tem inclusão. E para ter acessibilidade, a gente tem que ter linguagem simples para as pessoas entenderem. Não só as pessoas com síndrome de Down, mas para todas as pessoas com deficiência, para todos os brasileiros. Porque se a gente conta as pessoas que não tiveram a oportunidade de ir para a escola, como a gente pode achar que uma informação de utilidade pública – como informação sobre Covid, que pode salvar ou condenar vidas – vai ser recebida? Como vai garantir de fato a inclusão? ”, disse ela durante a sessão.
A deputada Erika Kokay (PT-DF), que solicitou a sessão solene, lembrou que está na Câmara o Projeto de Lei 6256/19, que cria a Política Nacional da Linguagem Simples para os órgãos públicos. Um dos objetivos da proposta é facilitar a vida de pessoas com deficiência.
“Não é uma comunicação simplória ou menor, uma comunicação desqualificada. Mas é uma comunicação que todas as pessoas possam ter acesso a ela. Uma comunicação direta, clara”, observou Kokay.
Inclusão escolar
A presidente da Associação DF Down, Melina Sales, disse que a sociedade não pode retroceder em relação à inclusão das pessoas com deficiência em ambiente escolar. No ano passado, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, questionou o desempenho das salas de aula que abrigam pessoas com deficiência, afirmando que, em alguns casos, a convivência não seria possível. Para Melina, é preciso que todos se unam para garantir os direitos já alcançados:
“A Lei de Inclusão deve ser respeitada. Lembrando Martin Luther King, uma frase que simboliza muito isso: A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar. Então, quando se descumpre a lei para as pessoas com deficiência, abre-se uma porta para se descumprir a lei para todos em outros momentos. Por isso, essa luta não é só nossa, essa luta é de todos nós”, disse.
A atriz Samanta Quadrado, da novela da Globo “Um Lugar ao Sol”, que tem Síndrome de Down, falou com orgulho do que já conquistou:
“Eu tenho 34 anos, eu sou youtuber do ‘Canal da Sassa’, eu sou influenciadora digital, eu sou um pouquinho modelo, sou um pouquinho de tudo. Também sou palestrante e cerimonialista. Faço muita coisa. Em 2004 eu tive meu primeiro emprego quando tinha 16 anos”, relatou.
O dia 21 de março foi escolhido para o Dia Internacional da Síndrome de Down porque é justamente a triplicação do cromossomo 21 que causa a deficiência.
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