O aumento de temperatura nas culturas de hortaliças foi tema do programa CB.Agro desta sexta-feira (20/10). O programa é uma parceria entre Correio e TV Brasília. O pesquisador da Embrapa Hortaliças, Carlos Pacheco, aponta que as mudanças climáticas estão provocando um aumento significativo na temperatura global, impactando diretamente as hortaliças.
A Embrapa conduz estudos genéticos para identificar os grupos de hortaliças que são mais resistentes às condições climáticas adversas esperadas no futuro. Isso envolve a criação de ambientes controlados para simular os efeitos do aumento da temperatura, escassez de água e alterações na concentração de dióxido de carbono na atmosfera.
“Conseguimos simular aquilo que se espera no aumento de temperatura, a restrição de água de atmosfera de CO2, no futuro. Eu cito como exemplo um trabalho que nós estamos publicando, testamos 11 cultivares comerciais (uma determinada planta cultivada) de alface e apenas três se mostraram adaptadas a temperatura que se espera ao final desse século. A ideia é entender o que está se tornando adaptável a essas condições e, a partir disso, utilizar o material genético para termos um programa de melhoramento voltado para as condições esperadas”.
Um alvo de pesquisa é o uso de biofertilizantes, que contêm moléculas com características próximas a promotores de crescimento vegetal. Essas moléculas ajudam a reduzir os estresses, incluindo o estresse térmico e hídrico nas plantas. Além disso, o uso de biofertilizantes em conjunto com fertilizantes minerais pode proporcionar uma proteção adicional às plantas contra as altas temperaturas.
“O uso de biofertilizante consorciado ao uso de fertilizantes minerais produz uma proteção para as plantas. Esses fertilizantes seriam importantes para reduzir os impactos das altas temperaturas e os impactos da degradação ambiental no surgimento de novas doenças”, ressalta.
Agricultores relatam dificuldades devido à variabilidade climática, à crescente demanda por água e à diminuição da produção de culturas que antes prosperavam em seus campos. O pesquisador destaca a importância de encontrar mecanismos de adaptação, como a implementação de sistemas de plantio direto, tecnologias avançadas de cultivo e o reuso de água em sistemas agrícolas.
"O impacto econômico afeta o consumo, a comercialização, os custos de produção e a segurança alimentar da população. O aumento da temperatura e as mudanças nos padrões climáticos estão causando perdas de produtividade e disponibilidade de alimentos, o que pode ter um impacto no futuro", expressou.
“O grupo de hortaliças depende não apenas da produtividade, mas também do aspecto físico, para comercialização e consumo. O consumidor tem um aceite menor quando se tem uma folha machucada, um tomate machucado. Muitas vezes, ele pode estar apto para consumo, mas existe essa resistência do consumidor que afeta a produção e a distribuição. Esse impacto do consumo gera um impacto econômico, gerando um impacto na segurança alimentar e nutricional da população”, completa.
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