O desafio constante de mobilizar a sociedade para ampliar a doação de órgãos é o objetivo da campanha “Setembro Verde”, alusiva ao Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos - 27 dia Setembro, que este ano tem como tema “Seja o elo forte dessa corrente. A vida tem que continuar! Informe-se e informe sua família!”.
Ao longo deste mês, a Central de Estadual de Transplantes (CET) da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), tem intensificado informações para elevar os resultados da doação e transplantes de órgãos e tecidos no Pará.
O secretário de Saúde do Pará, Rômulo Rodovalho, explica que o transplante de órgãos pode ser a única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para pessoas que precisam de doação. “Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o seu desejo de ser doador e deixar claro que eles, seus familiares, devem autorizar a doação de órgãos”, ressalta.
Todos os anos, a campanha reforça a importância do gesto de doação, com informações capazes de sensibilizar a sociedade em favor deste ato de solidariedade, que é salvar uma vida num momento de perda. “A palavra final da família é decisiva para o consentimento do transplante. Por isso que, em vida, é essencial que se manifeste essa vontade, pois nos momentos mais doloridos é a hora da decisão de fazer a permissão de doação”, acrescenta Ierecê Miranda, coordenadora da Central de Transplantes.
No Pará, a captação de órgãos e tecidos ocorre principalmente em Belém e Santarém, em locais onde é possível fazer os procedimentos legais, como o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência de Ananindeua, Hospital Regional do Baixo Amazonas e Hospital Municipal de Santarém – instituições que mais fazem doação de múltiplos órgãos, e no Hospital Ophir Loyola, Instituto Médico Legal (IML) e Hospital Pronto Socorro Municipal Mário Pinott, locais que mais efetivam doação de córneas no Estado.
No entanto, outros hospitais ainda precisam de condições para captação de múltiplos órgãos, como fazer o diagnóstico de morte encefálica conforme a Resolução 2.173/2017, do Conselho Federal de Medicina (CFM).
A Central de Transplantes coordena todos os processos de doação, captação e transplantes de órgãos e tecidos; cadastra equipes, hospitais e clínicas para realização de transplantes; monitora e supervisiona o Sistema de Lista de Espera de acordo com a legislação federal. Todo o processo de registros e informações das doações e transplantes ocorre em conexão com o Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde.
A CET também fiscaliza, administra e treina profissionais para o sistema. “Mas os hospitais têm obrigação de criar as Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT). Sem isso não há como abordar as famílias e esclarecer as pessoas sobre a importância desse ato de doação”, explica Ierecê.
Atualmente, o Pará realiza transplante de rim, tecidos oculares (córnea e esclera) e medula óssea em três hospitais na capital, um hospital em Santarém e um hospital em Redenção.
As atividades de doação de Órgãos no Estado atualmente ocorrem em Belém, Ananindeua e Santarém, com possibilidades de ampliação para Castanhal, Marabá, Altamira e Itaituba.
O número de pessoas que recebem tecidos oculares doados, realizando o transplante de córnea, por exemplo, tem girado em torno de 200 ao ano. Enquanto que os que recebem rins doados e que são oportunizados ao transplante renal no Pará, o quantitativo tem sido de aproximadamente 30 transplantes por ano. O número de transplantes ao ano tem sido superior ao número de doações, pois o Pará recebe córneas e rins doados por outros Estados.
Por ocasião da campanha deste ano, a CET descentralizou algumas atividades de conscientização para que as CIHDOTTs e OPO (Organização de Procura de Órgãos), que estão dentro dos hospitais, possam somar forças nessa mobilização e atuar diretamente com a comunidade local.
Dessa forma, A CET realizará outras atividades que consistem em cursos de capacitação de profissionais para que possam estar aptos a atender as populações nos hospitais, como encontros virtuais e participações técnicas em eventos.
Nesta segunda-feira, 20, de 8h30 às 10h30, haverá a palestra “Entrevista familiar e comunicação de más notícias”, na sala multiuso do hospital Ophir Loyola, em Belém, com a fala da médica Ana Beltrão, como parte da programação científica que ocorrerá no hospital, entre os dias 20 e 25 deste mês.
Na quinta-feira, 23, a partir das 19 horas, a CET, em parceria com o campus BR da Universidade da Amazônia (Unama), realizará um ciclo de palestras e mesa redonda voltados para acadêmicos da área da saúde, visando a integração e o despertamento do interesse dos futuros profissionais da saúde pela política de doação de órgãos e tecidos.
No dia seguinte, a partir das 14 horas, técnicos da CET participarão de transmissão ao vivo, pela internet, com o Banco de Multitecidos Humanos (Hospital Universitário Evangélico Mackenzie – Curitiba/PR) acerca da doação, captação, beneficiamento, preservação e distribuição de tecidos cardiológicos. O tratamento do tema pretende estimular a retomada das algumas atividades do módulo cardíaco instruindo sobre boas prática e aproveitamento de doações locais, favorecendo as discussões sobre as demandas e a realização de transplantes no Estado no cenário atual.
No dia 27, a equipe da CET estará retomando as atividades do Projeto de Formação de Enucleadores de Tecidos Oculares, um treinamento realizado em parceria com o Banco de Tecidos Oculares do Hospital Ophir Loyola (BTOC/HOL) e a Universidade da Amazônia (UNAMA), para a formação de profissionais dos Hospitais Regionais de Santarém, Altamira, Marabá, Castanhal e de Redenção), formando 05 turmas com total de 25 profissionais capacitados, possibilitando a intensificação de ações de doação de tecidos oculares por todo o Estado.
Ainda no dia 27, a coordenadora da CET da Sespa, Ierecê Miranda, falará sobre o tema em evento promovido pelo Hospital Universitário Bettina Ferro, que realiza transplante de córnea, ministrando palestras com os temas: “Fluxo do transplante de córnea no HUBFS”, “O que doar e quem pode doar” e “Transplante de córnea”.
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