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Por que tantos evangélicos defendem Israel?

Uso de símbolos como a estrela de David ou a bandeira de Israel em eventos evangélicos no Brasil se tornou comum nos últimos anos, especialmente entre grupos religiosos ligados ao bolsonarismo.

11/10/2023 às 08h12
Por: Joselio de Sousa Reis Fonte: Correio Brasiliense
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Uso de símbolos como a estrela de David ou a bandeira de Israel em eventos evangélicos no Brasil se tornou comum nos últimos anos, especialmente entre grupos religiosos ligados ao bolsonarismo - (crédito: Reuters)
Uso de símbolos como a estrela de David ou a bandeira de Israel em eventos evangélicos no Brasil se tornou comum nos últimos anos, especialmente entre grupos religiosos ligados ao bolsonarismo - (crédito: Reuters)

Líderes evangélicos do Brasil saíram em defesa de Israel nesta semana, diante do atual conflito com o Hamas em Gaza, na Palestina. O apoio - que não se resume a uma comoção em favor das vítimas, mas defende o Estado israelense e suas políticas - não é inesperado. O uso de símbolos como a estrela de David ou a bandeira de Israel em eventos evangélicos no Brasil se tornou comum nos últimos anos, especialmente entre grupos religiosos ligados ao bolsonarismo.

 Mas o apoio a Israel e suas agendas não é restrito somente a evangélicos bolsonaristas ou igrejas neopentecostais, explica a antropóloga Jacqueline Teixeira, professora da UnB. "Você vai encontrar esse apoio também em igrejas do protestantismo histórico, que imigraram dos Estados Unidos", explica.

 O apoio tem um fundo religioso, explicam pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil. Uma das bases teológicas é uma corrente muito difundida que enxerga Israel como uma espécie de “relógio do fim do mundo”.

 Além disso, há toda uma identificação dos evangélicos com o Antigo Testamento da Bíblia, que trata basicamente da história sagrada do povo israelita. “Se confunde o povo de Deus histórico, a nação de Israel do velho testamento, com o Estado moderno de Israel, com a política sionista”, afirma o pastor e teólogo Alexandre Gonçalves.

 Apesar do fundo religioso, afirma o teólogo Sergio Dusilek, ex-presidente da Convenção Batista Carioca, a maneira como muitos líderes têm se posicionado sobre o assunto nos últimos anos tem um forte caráter político. Eles têm usado interpretações de conceitos do antigo testamento para se inserirem no meio político.

 Embora acredite que Bolsonaro mesmo não esteja nem aí para esse movimento de apoio ao Estado de Israel, ele fez a leitura correta (e esperta) de que muito da liturgia praticada em muitas igrejas evangélicas incorporou elementos judaicos”, explica Dusilek, que também é pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Filosofia da Religião, da Universidade Federal de Juiz de Fora. “O que Bolsonaro fez foi colocar um holofote institucional em uma situação que já estava posta.”

 Se o apoio à Israel e à agenda política do país já existia muito antes de Bolsonaro se tornar influente entre evangélicos, o bolsonarismo trouxe uma novidade para esse apoio, segundo Teixeira: o discurso bélico-religioso. Ou seja, a ideia de que uma disputa entre o bem e o mal justificaria o uso da violência.

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