A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Estado do Pará (FSCMP) nunca desliga as luzes, e nem fecha as portas. Maior Hospital de Ensino da região Norte do Brasil, a instituição é uma sala de aula que produz conhecimento para salvar vidas. Dela a informação sai, aperfeiçoa-se e viaja até os mais recônditos cantos da Amazônia, e até aos maiores polos internacionais de estudos científicos.
Referência em atendimento materno-infantil, a Santa Casa também realiza transplantes de órgãos e se transformou em unidade de retaguarda do governo do Estado para tratamento de Covid-19. São mais de 250 profissionais especializados que, por ano, como preceptores e tutores, encaminham o aprendizado teórico e prático de mais de mil residentes médicos, mais de 500 residentes multiprofissionais da área da saúde e de mais de oito mil estagiários acadêmicos.
No mestrado da Santa Casa, 16 professores com doutorado estão à frente de mais de 40 alunos, cujos macroprojetos integram a gestão intersetorial da dinâmica de Assistência e Administração, a partir de duas linhas de pesquisa e extensão: “Saúde - Adoecimento e Seus Agravos” e “Gestão e Planejamento em Saúde”.
“A Santa Casa é o maior Hospital de Ensino do Estado do Pará, e isso significa práticas e teorias, técnicas e teses em cenários múltiplos, que concretizam políticas públicas e tornam o SUS (Sistema Único de Saúde) real e acessível à sociedade, inclusive em termos científicos. O conhecimento chega ao paciente, e o paciente traz as questões para a ciência. Ensino e pesquisa caminham juntos”, explica o secretário do Mestrado da Fundação Santa Casa, pedagogo Victor Matheus Maués, especialista em Gestão Educacional e Docência no Ensino Superior.
A mestranda Tatiane Mendes, assistente social, define como “honra” estudar na instituição. “São professores com know-how; currículo somado à diploma. Isso não tem preço. Aprendemos com tudo. Nosso mestrado está aqui para gerar produtos com utilidades únicas não só para o Hospital, mas para a comunidade”, especifica.
Para a doutora em Enfermagem e professora do mestrado, Heliana Moura, é uma “travessia de saberes, compartilhamento de conhecimentos e troca de experiências”. Segundo ela, “o mestrado resgata no profissional a vontade de estudar. O profissional não esgota o caso clínico no Hospital. Ele traz para a pesquisa, para a extensão, para o debate. Ele coleta dados. E isso é muito rico para os pares, para os outros cientistas. Isso permite aprofundamento”.
Respeito aos pacientes- A gerente de Ensino da Fundação Santa Casa, fisioterapeuta Lindinalva Monte, informa que todo o processo de aprendizagem tem controle de qualidade, enfatizando o respeito aos pacientes. Atualmente, são nove universidades e faculdades conveniadas para residência e estágio, e 25 cenários de vagas e revezamento de lotação.
Outros pontos importantes são o consentimento, a privacidade e a intimidade com os pacientes. “Aqui nosso foco são mulheres e crianças, com atendimento humanizado e preconizado com psicólogos, terapeutas ocupacionais etc. Esses pacientes, os familiares, os responsáveis, os acompanhantes, são avisados de que há estagiários, residentes nas equipes, e há vigilância sobre número de pessoas nos ambientes, para evitar hiperexposição”, enfatiza a gerente.
Estagiário, o estudante do 8º semestre de Fisioterapia Blendon de Lucas Ramos, 21 anos, da Faculdade Ideal (Faci), considera o processo de rodízio fundamental. “Eu passei pela Pediatria, e agora comecei na Neonatologia. É muito importante conhecermos vários cenários do ambiente hospitalar. A experiência está me inspirando para uma carreira nesse sentido”, conta.
Para a residente de Psicologia Luiza Barbosa, 25 anos, “não são apenas profissionais maravilhosos. São seres humanos que nos acolhem, que compreendem nossas dificuldades”. Ela diz que se vê no mesmo papel de professora daqui a uns anos, “brilhando, assim como eles brilham”.
Descoberta- Quando deu entrada às 10 h na Emergência Obstétrica, nesta sexta-feira (15), a dona de casa Lorena Oliveira, 27 anos, do bairro Centro, município de Santa Izabel do Pará, na Região Metropolitana de Belém, não sabia que a Santa Casa era um Hospital de Ensino.
Grávida de oito meses do segundo filho, Gustavo, ela sentiu cólicas, e pensou logo em parto prematuro. Examinada por uma equipe com profissionais preceptores, residentes e estagiários, na triagem e no acolhimento entendeu que não havia riscos. Ficou comovida quando lembrou que hoje é Dia dos Professores. “É emocionante estar participando da história de aprendizado desses profissionais. Eu vejo que aqui todo mundo trabalha em equipe”, observa Lorena, ainda no leito de observação.
A enfermeira da Obstetrícia Ezilene Sousa, preceptora de Enfermagem, recebe cerca de dois residentes por turno de trabalho. “A roda do conhecimento gira sempre, e para todos os lados”, ilustra a profissional. “Do mesmo jeito que repassamos experiência e conhecimento, recebemos experiência e conhecimento”, acrescenta.
A médica obstetra Roberta Fernandez, também preceptora, foi residente na Santa Casa e agora acompanha as novas turmas. “O desafio é constante, porém a satisfação é inestimável. Tenho 10 anos de Santa Casa, e aqui somos eternos aprendizes, assim como temos orgulho de todos que foram nossos professores”, afirma Roberta Fernandez.
Texto: Aline Miranda – Ascom/FSCMP
Mín. 22° Máx. 34°