A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) participou na tarde desta terça-feira (21) da live “O que é bom vem lá de fora?”, em alusão ao Dia da Árvore – 21 de Setembro, com o objetivo de debater as novas possibilidades de negócios a partir dos impactos positivos que só uma árvore pode promover para a economia do Pará por meio da Bioeconomia. O destaque do encontro foi o debate sobre colocar o ecossistema no centro de soluções transversais de desenvolvimento sustentável e geração de renda local.
Conhecida como bioma de maior biodiversidade do planeta, a Amazônia possui diversas particularidades, que a diferem de todos os outros, com relação à vegetação, fauna e flora diversificadas, e seus rios extensos e de extrema importância para o País.
A diretora de Bioeconomia, Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais da Semas, Camille Bemerguy, disse que é muito difícil pensar em um conceito que defina a Amazônia como um todo, e nesse processo a ênfase deve estar em promover a valorização do conhecimento tradicional do patrimônio genético e cultural. “A Bioeconomia vem atrelada a uma ancestralidade, e temos que fazer um resgate e levar investimento e conhecimento. Todo esse processo vai gerar renda e emprego, o que é muito importante para que a gente consiga construir um lugar sólido e de respeito. Além disso, a Semas já vem discutindo diversas estratégias de promoção da Bioeconomia, a partir da construção de um conceito e ambiente de negócios que propiciem o desenvolvimento da Bioeconomia, através da sociobiodiversidade”, explicou a diretora.
Qualidade de vida- A Bioeconomia é um sistema capaz de gerar emprego e renda, aliada sempre ao uso de novas tecnologias com sustentabilidade. O Estado do Pará vem somando esforços para garantir um desenvolvimento mais sustentável, visando também à racionalização dos recursos, para uma melhor mobilização da dinâmica da economia, e buscando sempre a melhoria da qualidade de vida da população.
“A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) vem atuando junto ao governo, através da política de cooperativismo. Com isso, em diversos municípios a gente já está atuando com novas e antigas cooperativas, sempre procurando ver a demanda que o produtor precisa, e através dessa articulação institucional atende-lo. Eu trago um destaque aqui, partindo do princípio da nossa tradição cultural, que é o queijo do Marajó, que movimenta muito a economia da cidade. Aquela população já conseguiu uma marca. Eles já possuem um registro de valor histórico, e a gente sempre busca apoiar essa cadeia produtiva para que eles alcancem cada vez mais o mercado”, explicou a diretora de Projetos Estratégicos da Sedeme, Rafaela Pimentel.
A produtora e proprietária do grupo Filhas do Combu, Izete Costa, contou que “no interior não tinha escola; nas comunidades rurais existe essa dificuldade no aprendizado. Nossos pais eram acostumados a trabalhar duro no campo, e eles não queriam isso para os filhos, por isso nós fomos incentivados a estudar. Hoje, eu sou protagonista do meu próprio trabalho. Consegui enxergar a riqueza do que eu tinha no meu quintal, na minha terra, e com isso fui aprendendo. Aqui, na Ilha do Combu, eu vejo que hoje a gente consegue gerar renda à comunidade através do turismo, mas essa renda vem muito mais do restaurante. Com essa dificuldade de continuar trabalhando com a terra, justamente por ainda não termos uma estratégia certa, as pessoas abandonam a agricultura para ir trabalhar no restaurante. Além disso, nossos governantes possuem programas que nos ajudam. Mas eu acharia importante promover uma capacitação, como ensinar a pescar. Isso, com certeza, nos ajudaria”.
Estratégias de apoio- A professora de Ciências Biológicas da Universidade do Estado do Pará, Flávia Lucas, destacou a importância da discussão do tema no Dia da Árvore. Segundo ela, “a gente, enquanto instituição, consegue diagnosticar que na Universidade não existe um espaço no acervo que mostre a identidade dos povos da Amazônia como um todo. Tendo em vista isso, iniciamos todo um estudo da biodiversidade, com diversos grupos de pesquisa. Nós precisamos construir um trabalho nessas comunidades, para que seja possível criar novas estratégias de apoio a eles. Nossos grupos buscam entender cada comunidade para poder quantificar o acervo. Tudo começa com as pessoas que estão cultivando e manejando. Aquilo tudo tem um propósito, e incentivá-los a enxergar esse componente da biodiversidade como uma forma de uso e geração de renda é fundamental. Debater isso no Dia da Árvore é importantíssimo, pois traz diversas reflexões, até as mais afetivas”.
Pela primeira vez o Fórum Mundial de Bioeconomia (FMB) ocorrerá fora de Ruka, cidade da Finlândia, onde o evento foi criado. Nos dias 18, 19 e 20 de outubro, Belém sediará o evento. Porta de entrada para a Amazônia, com um ecossistema único e fundamental para o planeta, a capital paraense reunirá palestrantes e especialistas de vários países em torno do desenvolvimento sustentável e das potencialidades regionais, em um debate que é referência mundial.
Mín. 22° Máx. 33°