O governo do Estado, por meio do Programa Territórios Pela Paz (TerPaz), iniciou na noite desta quarta-feira (03) um ciclo de oficinas sobre ativismo comunitário. O primeiro encontro contou com a participação do ativista carioca Itamar Silva, que ministrou a oficina “Ativismo Comunitário no Passado, no Presente e no Futuro”, como parte do Projeto “Ter Conhecimento”, uma iniciativa da Secretaria Estratégica de Articulação da Cidadania (Seac), em parceria com a mineradora Vale e o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC).
A formação buscou aprofundar a troca de experiências e a proposição de ideias para o enfrentamento da violência, além de incentivar o protagonismo social nos bairros contemplados pelo TerPaz.
Nascido no morro Santa Marta, na capital do Rio de Janeiro, Itamar Silva é referência no ativismo e no movimento negro. “Eu sou do movimento de favelas do Rio de Janeiro e carrego, pelos anos de estar nesse lugar, algumas experiências, e quero muito trocar aqui na Região Metropolitana de Belém. As favelas do Rio de Janeiro têm mais de 100 anos e, desde o início, existe uma tensão muito forte com o Estado pela incompletude de suas ações, e com a sociedade, porque é um lugar sempre de preconceito, um lugar de não-direito. Mesmo dessa forma, as favelas acumularam muita sabedoria, resistência e experiências que foram além dos territórios da própria favela. Então, acho que essa história é importante porque a favela do Rio de Janeiro se espalha pelo Brasil, e a gente vai ver alguns elementos se repetindo em outros lugares. Espero que essa experiência aqui seja boa para todos nós”, disse Itamar Silva.
A oficina ocorreu no teatro da Usina da Paz Icuí-Guajará, tendo como público-alvo lideranças e demais interessados em ativismo social nos bairros do Icuí, em Ananindeua, e Nova União e São Francisco, em Marituba (na Região Metropolitana de Belém).
“A vinda do Itamar Silva, um ativista da periferia do Rio de Janeiro, inaugura o Projeto Ter Conhecimento no TerPaz. O ‘Ter Conhecimento’ reúne diálogos sobre algumas agendas tocadas pelo programa com o objetivo de trocar ideias, vivências, experiências e provocar reflexões sobre as dinâmicas das violências na periferia. As trocas são sempre bem-vindas na implementação e consolidação do TerPaz enquanto política pública”, informou a diretora-geral do Núcleo de Articulação da Cidadania da Seac, Juliana Barroso.
Oportunidade- Um dos participantes foi o líder comunitário Sandro Cristo, que atua na área há quase uma década. Ele disse estar feliz em poder conhecer outras possibilidades de fazer ativismo comunitário. “É uma grande oportunidade de aprendizado e poder melhorar o nosso trabalho comunitário. Eu, que atuo como liderança aqui no Icuí-Guajará desde quando cheguei, há nove anos, sempre busco aprender mais e poder repassar tudo isso para outros moradores”, contou Sandro.
O professor Roberto Miranda Cabeça, que também é morador do Icuí-Guajará, frisou a importância da iniciativa. “O mundo precisa caminhar através do ativismo. As pessoas precisam ter mais conhecimento da postura desse importante trabalho, que transforma as pessoas com ações concretas. O Itamar tem um trabalho memorável. Então, estou lisonjeado por estar participando desse momento”, ressaltou o professor.
O projeto percorrerá todos os territórios contemplados pelo TerPaz com várias oficinas.
Programação:
Oficina 1– Ativismo Comunitário no Passado, no Presente e no Futuro, com Itamar Silva. Período: 03 a 06 de novembro.
Oficina 2– Política de Drogas e Juventude, com Raull Santiago - fundador e integrante dos coletivos Papo Reto, Movimentos, Perifa Connection, Favela & ODS. É uma referência no debate brasileiro sobre política de guerra às drogas, juventude e racismo. Período: 17 a 19 de novembro.
Oficina 3– Segurança Pública e Direitos Humanos, com Ibis Pereira – coronel reformado da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, doutorando em História. É uma referência no debate sobre polícia, direitos humanos e novos caminhos da segurança pública. Período: 22 a 25 de novembro.
Oficina 4– Jornalismo e Redes Sociais, com Cecília Oliveira – jornalista, especialista em Segurança Pública e Política de Drogas na América Latina e idealizadora da plataforma Fogo Cruzado e articulista do El País. Período: 08 a 10 de dezembro.
*Programação sujeita à alteração
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