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STF recebe gravação de reunião citada por Moro, e Celso de Mello impõe sigilo temporário

Segundo Moro, Bolsonaro cobrou em reunião mudanças no comando da PF. AGU pediu para entregar somente parte do material, mas informou nesta sexta que entregou material completo.

09/05/2020 às 14h11
Por: Celso Lammego Fonte: G1
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu nesta sexta-feira (8) a gravação de uma reunião citada pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Relator do caso, o ministro Celso de Mello decretou sigilo temporário ao material entregue pelo governo.

Segundo a Advocacia Geral da União (AGU), foi entregue ao Supremo a íntegra do material. Celso de Mello havia dado 72 horas para o governo entregar a gravação.

Sergio Moro anunciou a demissão do cargo em 24 de abril. No anúncio, acusou o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal. Diante das declarações, a Procuradoria Geral da República pediu, e o STF abriu um inquérito para investigar as acusações. Bolsonaro nega ter cometido irregularidades.

Em depoimento, prestado à PF no último dia 2, Sergio Moro disse que, na reunião do conselho de ministros de 22 de abril, Bolsonaro cobrou a substituição do superintendente da PF no Rio de Janeiro e do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, além relatórios de inteligência e informação da PF.

Antes de entregar os registros da reunião citada por Moro, a AGU chegou a:

  • pedir a Celso de Mello que reconsiderasse a ordem dada ao governo para encaminhar o material à Corte;
  • solicitar que somente uma parte dos registros, que tivessem relação com o inquérito, fosse disponibilizada;
  • pedir ao STF que estabelecesse previamente as autoridades responsáveis pela guarda do material.

Nos pedidos, o ministro da AGU, José Levi Mello do Amaral Junior, argumentou que, na reunião de 22 de abril, "foram tratados assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de relações exteriores, entre outros".

Ao fazer o pedido ao STF, a AGU, indiretamente, reconheceu a existência do vídeo.

No dia 28 de abril, Bolsonaro fez menção ao vídeo. Ele disse a jornalistas que tinha pedido autorização dos ministros que participaram da reunião para divulgar o conteúdo.

"Eu comecei hoje a reunião de ministros pedindo uma autorização para eles, porque a nossa reunião é filmada. E fica no cofre lá, o chip. Eu falei 'senhores ministros, eu posso divulgar o que eu falei na última reunião de ministros?'. Ninguém foi contra. Eu falei, tá certo", disse o presidente na ocasião.

Governo diz que enviou ao STF a íntegra da gravação da reunião citada por Moro em depoimento. Foto: Reprodução

'Inteiro teor, sem qualquer edição'

O documento do STF que registra o recebimento do material informa que o HD entregue pelo governo apresenta "inteiro teor, sem qualquer edição" – veja nas imagens acima e abaixo.

Documento relativo à entrega do material pelo governo ao STF. Foto: Reprodução

 

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