"Eu estou muito feliz com a presença da equipe de saúde do Estado, porque é a única que veio até aqui, dentro da aldeia, para fazer atendimento pra nós. É muito importante. Espero que esse trabalho continue", disse o cacique Bepngrati, da aldeia Pyngraiti, ao receber os serviços da Expedição "Saúde por todo Pará em territórios indígenas", promovida pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), tendo entre as instituições parceiras a Universidade Federal do Pará (UFPA). Nesta segunda-feira (22), a Expedição atendeu moradores das aldeias Jabúi, Pykatoti e Pyngraiti, da etnia Kaiapó, que fazem parte do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Rio Tapajós, localizado no município de Itaituba, na região Sudoeste.
Segundo o médico e professor da UFPA, João Guerreiro, que atua em territórios indígenas há 30 anos, a Universidade atua na Atenção Básica de Saúde durante a ação, com exames laboratoriais e entrega dos resultados no local. "Me sinto muito feliz de vivenciar a participação do governo do Estado nesta Expedição; é simbólico. Nos ressentíamos muito em não ter antes esse apoio nessa atividade. Era um nó que existia e começa a ser desatado pela atual gestão. A participação do Poder Executivo estadual é oportuna e faz muita diferença. É sempre muito bem-vinda", afirmou o professor.
Com o objetivo de realizar diagnósticos epidemiológicos e traçar um perfil da situação de saúde das comunidades indígenas, para que sejam implementadas políticas de saúde que atendam às demandas mais prioritárias desta população, a Universidade levou, em parceria com a Sespa, profissionais de saúde e um laboratório para os territórios indígenas.
Pesquisa sobre vírus- A biomédica e doutoranda Isabella Nogueira, que atua no Laboratório de Virologia da UFPA, participa da Expedição, que realiza exames laboratoriais, parasitológicos, urianálise e bioquímicos. A coleta de dados é feita também por meio de um questionário, para traçar um perfil sobre a dinâmica de dois principais vírus, o SARS Cov-2, causador da Covid-19, e o HTLV, vírus sexualmente transmissível.
"Queremos entender como os territórios indígenas reagem a uma infecção como a Covid-19. Fazemos perguntas sobre os sintomas prevalentes na população, se houve agravamento, se alguém faleceu por conta da doença, se há comorbidades relacionadas, entre outras", informou a pesquisadora.
Para segunda liderança da aldeia Jabúi, Beptotire, "o atendimento é muito bom. Estou muito feliz com esses serviços de saúde dentro da aldeia porque é ótimo para a comunidade".
Representatividade- Eli Hywyxy Baniwa é médica, faz mestrado em Saúde Coletiva pela UFPA e também participa da Expedição. A experiência de ser indígena e atender nos territórios, para a pesquisadora, representa mais autonomia e um avanço para os povos indígenas, que assim fortalecem sua voz.
"Era o meu sonho trabalhar para outros indígenas. São 521 anos lutando e sendo resistência. Nós estamos aqui, somos capazes, e não incapazes como fomos tratados por muito tempo, quando afirmavam que precisávamos de civilização. Nós temos a nossa própria civilização e nossa cultura, que nos trouxe até aqui. É uma felicidade imensa atender meus parentes", ressaltou a médica.
Durante os atendimentos, Eli Baniwa frisou ainda que o governo do Estado vem trabalhando para levar assistência de forma diferenciada, disponibilizando profissionais de diferentes áreas para atuar dentro dos vários territórios indígenas existentes no Pará. "Agora estamos juntos ao Governo enfrentando todos os obstáculos que encontramos na saúde pública, e levando assistência aos indígenas", acrescentou a médica.
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