Na noite da última quinta-feira (16), o Preamar das Festas, promovido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), para celebrar as festas de fim de ano, teve um caráter ainda mais especial, marcando o fim de um ciclo para cerca de 90 alunos dos estados do Pará e Amazonas do III curso de Formação em Ópera, uma das ações de desdobramento do Festival de Ópera do Theatro da Paz, que ocorre desde 2019.
A noite de celebração foi marcada por palestra, entrega de certificados dos concluintes, recital dos alunos, além de uma grande novidade para 2022: a criação da Academia de Ópera do Theatro da Paz, uma das primeiras na região Norte.
A programação iniciou no foyer do Theatro com a entrega presencial de certificados de conclusão para os alunos do III Curso de Formação em Ópera, em uma cerimônia breve com a participação do diretor do Theatro da Paz, Daniel Araújo, e da secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal, que destacou a grande novidade para 2022.
“Hoje é dia de celebrar o final de um ciclo, nosso curso de formação em Ópera surgiu em um momento muito delicado, quando a pandemia paralisou as atividades e nosso Festival de Ópera não podia mais ser realizado no formato tradicional, com as grandes montagens e surgiu essa oportunidade de começar a dar os primeiros passos na estruturação de uma escola de formação. Hoje estamos com a maior turma que já tivemos, foram 90 pessoas, contanto com os alunos do Amazonas, nessa parceria com o Theatro Amazonas, que encerra um processo formativo muito bonito que foi preparado com muito carinho pela equipe do Festival de Ópera do Theatro da Paz. Hoje, eles saem desse curso muito mais instrumentalizados para desenvolver as duas atividades, parte dos técnicos já profissionalizados foi absorvido pelo Theatro da Paz, pelo Programa TerPaz, por outros projetos da Secult, e aí nós avançamos um pouco mais nesse processo com a criação no ano que vem da Academia de Ópera do Theatro da Paz, já absorvendo os cantores líricos, aprofundando essa qualificação, e caminhando de maneira mais sólida, mais estruturada para essa profissionalização de técnicos e cantores e cantoras líricas”, destacou Ursula Vidal.
Em seguida, no palco do Theatro, a professora de filosofia Lúcia Helena Galvão abordou o tema “Reflexões para perceber a beleza”.
“Dizem que a professora de piano de Nelson Freitas teria dito a ele que praticasse piano apenas duas horas por dia, o resto do tempo ela o orientou a ir pra vida para ter o que expressar na música. Então, os alunos daqui aprenderam técnicas e acredito que aprenderam muito bem, porque a escola tem excelência nisso, mas observar a matéria-prima da beleza na vida, que a filosofia pode nos aportar, é algo altamente importante e complementar. Um dia desses ouvi uma frase que fala que o músico não toca apenas um instrumento, mas é através do instrumento que ele toca o coração humano. Para isso, ele tem que conhecê-lo. A ideia da palestra de hoje é mostrar um pouco do coração humano e através dele a gente pode achar a beleza da vida”, destacou a convidada.
A programação seguiu no palco da centenária casa de espetáculo com o recital de canto e piano dos concluintes, acompanhados pela pianista Ana Maria Ataíde e como diretor musical e preparador vocal Gabriel Rhein-Schirato. O recital contou com aproximadamente 15 obras clássicas e encantou o público. O cantor lírico Oséas Duarte, de apenas 23 anos, foi um dos alunos que se apresentou na ocasião e destacou a importância do momento.
“O Festival de Ópera do TP, para nós que somos cantores aqui da terra, é uma vitrine que impulsiona a gente a aprender mais, a fazer mais, a conhecer profissionais de outros estados; é uma oportunidade única. E pra mim, é ainda mais especial, pois marca o encerramento duplo de um ciclo. Estou indo para outro estado, então encerro hoje, junto com o recital, minhas apresentações por aqui, por enquanto. Esse é um momento muito especial”, destaca o concluinte.
Festival de Ópera 2021
Em 2021, o Governo do Estado, por meio da Secult investiu cerca R$ 1.499.260,00 na programação que contemplou cursos de formação (R$ 673.000,00), com oferta de 90 bolsas de estudo, apresentou duas grandes óperas, como Die Abriese e Il Tabarro, além da formação técnica de 70 pessoas atendidas no Projeto Sons de Liberdade, em parceria com a Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP).
“Esta gestão deve o desejo de ir além do Festival de Ópera, que se apresentava duas vezes por ano. Percebemos que os fazedores de cultura nessa área queriam ir além dessas apresentações, então focamos na formação e ainda em 2019 ofertamos 20 bolsas para cantores líricos. Em 2020, com a pandemia, precisamos nos reinventar, então criamos uma modalidade de ensino à distância, e como não poderíamos executar as óperas para o grande público, a verba destinada foi convertida em um número maior de bolsas de estudos para cantores líricos e abrimos formação também para técnicos, foram 80 bolsas", destacou Daniel Araújo, diretor do Theatro da Paz.
Araújo frisou ainda que "Além das aulas online e respeitando os protocolos, trouxemos grupos pequenos para que pudessem encenar no palco e gravar obras como duetos, solos, árias e disponibilizamos para a população, por meio das plataformas digitais para mostrar que o Festival de Ópera não tinha parado. Este ano, com as melhorias de condições sanitárias no país, aumentamos para 90 bolsas, 10 concedidas para fazedores de cultura do Amazonas, porque era um passo importante para a construção do que pretendemos construir - que é o corredor lírico do Norte. Operamos, em grande parte do tempo, no formato virtual e com isso pudemos trazer grandes nomes para a sala de aula e potencializamos o curso. Agora, com a finalização deste curso, a evolução natural é que o Theatro da Paz tenha sua Academia de Ópera, conforme anunciou nossa Secretaria”, concluiu.
Texto:Josie Soeiro/Ascom Secult
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