Os primeiros passos para o atendimento de psicólogos na Santa Casa foram dados no ano de 1990, quando a instituição começou a receber preceptores e estudantes de psicologia vinculados à instituições de ensino superior do Pará. Mas o serviço de psicologia só começou a se estruturar, oficialmente, um ano depois, como conta a psicóloga Claudia Colino, referência técnica do serviço de psicologia da Santa Casa do Pará.
“Foi em 1991 que esse atendimento passou a se configurar de fato como serviço no hospital, à época, com uma quantidade bem pequena de profissionais. Atualmente, a maioria dos psicólogos que estão aqui foram admitidos por meio do concurso de 2004. Inicialmente, foram chamados 15 psicólogos, e, hoje, são 33, entre profissionais concursados, cedidos e contratados, proporcionando uma cobertura de psicologia assistencial em todas as clínicas da Santa Casa”.
Esse quantitativo de profissionais se distribui na Maternidade, no setor de Neonatologia, na Clínica Médica, na Clínica Cirúrgica, na Terapia Renal Substitutiva Pediátrica, na Pediatria e nos Ambulatórios, oferecendo um serviço referendado e consolidado, que precisa estar atento a fatores comuns e particulares, ressalta Claudia Colino.
“Cada enfermaria, cada área vai ter as suas especificidades, mas, em comum, o serviço procura trabalhar as questões emocionais ocasionadas pelos impactos que a hospitalização traz aos pacientes e seus familiares. São situações que envolvem perdas ou dizem respeito a pacientes com períodos de internação muito prolongados, havendo quebra da rotina e necessidade de readequação a uma nova realidade. São acontecimentos que trazem impactos emocionais, que podem gerar ansiedade, tanto no paciente quanto no familiar”, detalha.
Situações como a vivida por Paula Anderson, natural de Salinópolis, que deu entrada na Santa Casa no dia 18 de janeiro de 2019 sem imaginar que só mais de dois meses depois é que teria alta do hospital.
“Eu tive duas paradas cardíacas durante a minha cirurgia e já entrei em coma. Minha bebê não sobreviveu, eu não cheguei a conhecê-la. Além da dor da perda, eu tinha muita saudade dos meus outros filhos. O atendimento da psicologia me ajudou a entender, acalmar e seguir em frente”, recorda Paula, que teve eclâmpsia durante a gravidez, o que a levou ao grave quadro de saúde e a perda de sua bebê.
Quando deixou a UTI, Paula precisou de apoio psicológico para receber a notícia da perda da filha e para ter forças, a fim de enfrentar mais um mês de internação para as sessões de diálise, como recorda a psicóloga Liliam Duarte que a acompanhou durante o período de internação na enfermaria.
“Quando a Paula saiu da UTI para cá (enfermaria de clínica médica), ela ainda não sabia que tinha perdido o bebê, a família preferiu não contar porque achava que poderia agravar o quadro dela. No início, ela ficou muito revoltada, pois não aceitava a situação da perda. Ela tratava a equipe mal, mas hoje ela faz questão de nos visitar quando vem a Belém e diz 'que bom que vocês não desistem da gente'. Hoje, ela tem uma relação de gratidão com toda a Santa Casa”, relembra Liliam Duarte que, assim como a colega Claudia Colino, ressalta as particularidades do atendimento a cada paciente.
“A gente, na psicologia, tem uma especificidade que é olhar o ser humano como sendo único, esse é o diferencial do nosso trabalho. O psicólogo, mesmo que saiba qual o diagnóstico, se luto, depressão, qual a demanda emocional, isso não significa que a gente vai trabalhar da mesma forma, porque são histórias diferentes, o que faz toda diferença de como a gente vai abordar”, explica.
NÚMEROS
De acordo com o setor de estatística da Santa Casa, este ano, até o mês de novembro, o serviço de psicologia da Santa Casa realizou aproximadamente 3.500 atendimentos ambulatoriais, divididos entre os ambulatórios do prematuro, pediatria, fissurados, da mulher e de especialidades cirúrgicas.
Já no atendimento hospitalar, foram realizados 10.497 atendimentos.
*Texto de Etiene Andrade (Ascom - Santa Casa)
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