Aspectos emocionais e psicológicos ficam em evidência na Campanha Janeiro Branco, que une instituições e pessoas em prol da conscientização sobre a importância do cuidado com a saúde mental e com o rompimento de preconceitos.
A Fundação ParáPaz desenvolve um trabalho psicológico no atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade, principalmente mulheres e crianças vítimas de violências causadoras de sofrimento mental.
O presidente da Fundação, Alberto Teixeira, observa que o atendimento psicológico do órgão é inserido dentro uma equipe multidisciplinar (com assistência social, orientação jurídica e médica, entre outros serviços).
“Temos o profissional de psicologia que dá aquele suporte para as pessoas que estão precisando de atendimento psicológico. Essa atuação é feita em todo estado do Pará, onde esses profissionais, através de uma anamnese, identifica o problema e passam a ajudá-las e a acompanhá-las”, afirma o presidente.
Entre os resultados está a prevenção de doenças, inclusive suicídios, em mulheres que passam por problemas pessoais e econômicos. ”E a partir daí dar o suporte e o direcionamento necessário para que elas possam ultrapassar este momento difícil e tocar as suas vidas normalmente. Isso é um serviço de suma importância para o povo paraense”, complementa Alberto Teixeira.
As psicólogas, dentro de sua área de atuação, atuam no acolhimento e direcionamento, considerando o contexto de violência em que vivem as pessoas assistidas. Ana Júlia Góes Moreira, por exemplo, atende crianças e adolescentes vítimas de violência sexual na unidade integrada Santa Casa, cuja avaliação ocorre a partir de sintomas ou demandas apresentados.
“Eles trazem alterações na rotina, como por exemplo, pensamentos e sentimentos que estão ocorrendo de forma desajustada, sintomas de depressão, ansiedade, transtornos de humor adquiridos e, ao longo do tratamento, com a terapia e a resolução de conflitos, você observa que vão amenizando”, comenta Ana Júlia.
A saúde mental é um conjunto de posturas sobre como a pessoa vivencia os desafios pessoais, pensamentos e sentimentos equilibrados na rotina.
Já a psicóloga Thaynara Oliveira da Silva atua na unidade integrada ParáPaz, em Parauapebas, e observa alguns indícios presentes no público atendido que sinalizam vulnerabilidade e problemas na saúde mental. “São condições de baixo autoestima, sintomas depressivos, grande maioria depende financeiramente do autor das agressões, possuem dependência emocional e falta de rede de apoio e falta da família extensa“, comenta.
A profissional chama a atenção ainda para as crianças, que nem sempre conseguem expressar claramente o sofrimento que sentem. “A criança através de gestos, brincadeiras e jogos lúdicos mostra a expressão sua dor e sua vivência com a violência, na qual é perceptível o prejuízo emocional, com sintomas depressivos, sintomas de ansiedade, pouca interação social e laço afetivo com o agressor”, pontua.
Por fim, Thaynara dá mais detalhes sobre como é o processo de atendimento psicológico na instituição. “O acompanhamento psicológico às vítimas de violência doméstica é importante, pois trabalhamos o resgate da autoestima da mulher, trazendo reflexões sobre a situação em que ela estava, fazendo com que ela passe a reconhecer os seus direitos. Nos atendimentos, sempre temos o objetivo de emponderá-la para que ela não volte a vivenciar o relacionamento abusivo e consiga ser a protagonista de sua própria vida”, explica a psicóloga.
As vítimas, geralmente, estão inseridas em um relacionamento abusivo que se perpetua por meio de um ciclo do qual elas não querem mais pertencer. “Buscamos entender o contexto familiar e toda sua rede de apoio, além das condições financeiras, para que além do atendimento psicológico, seja identificado outros aspectos que a rede de enfrentamento pode ajudar”, acrescenta Thaynara.
A Fundação ParáPaz mantém um protocolo próprio de acolhimento às mulheres, crianças e adolescentes vítimas de violência no Estado. As unidades são integradas às Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (Deam) e à Criança e ao Adolescente (Deaca), distribuídas na Região Metropolitana de Belém (RMB) e também nos demais municípios paraenses.
O trabalho é feito tanto por meio de demanda espontânea como a partir do encaminhamento por outros órgãos. O suporte é fundamental para a redução dos danos físicos e psíquicos causados às vítimas. Em 2021, foram 925 atendimentos psicológicos realizados em unidades integradas e 643 em polos bairros na RMB e no interior do estado, totalizando 1.568 pessoas atendidas no período.
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