No Brasil, o índice de gravidez na adolescência mantém números significativos. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO), a taxa é de 68,4 nascimentos para cada mil adolescentes entre 15 e 19 anos. Isso representa quase 50% a mais do que a média mundial, estimada em 46. Em Belém, o Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), no distrito de Icoaraci, segue o panorama nacional: em média, 36 mulheres com menos de 18 anos dão à luz na unidade por mês, isso representa 12% dos partos feitos na unidade em 30 dias. Em 2021, esse número totalizou 433 entre cesárias e a concepção natural.
Diante destes dados, o Regional Abelardo Santos, neste mês de fevereiro, integra a campanha nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, instituída na lei 13.798/2019. A iniciativa prevê uma semana de programação no País, foi incorporada ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e está em vigor desde o ano de 2019, visando a orientar e conscientizar os jovens. A campanha quer passar orientações sobre as medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez nesta fase da vida.
Ações -A programação do HRAS será dividida em duas frentes: uma dentro da unidade e outra externa, atendendo à comunidade ao redor. A campanha contará com rodas de conversas nas dependências do hospital, dinâmicas e orientação de prevenção voltadas aos pacientes e acompanhantes. Já as ações externas, acontecerão nas escolas da região. Profissionais do HRAS vão promover palestras em instituições de ensino públicas e privadas, alertando os adolescentes das consequências da gravidez na adolescência.
Para Marcos Silveira, diretor executivo do Hospital Abelardo Santos, a iniciativa quer contribuir para criação de uma sociedade mais esclarecida, com igualdade de oportunidades. “Atualmente, o HRAS é a segunda maior maternidade do Estado. E no dia a dia, percebemos um número significativo de mulheres com menos de 18 anos sendo mãe. Dessa forma, a equipe de profissionais da unidade vem se empenhando em fazer o alerta para esses adolescentes e suas famílias, já que o assunto se tornou um debate de políticas públicas e de saúde pública em todo o mundo”, destacou o gestor.
Números -De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência é compreendida entre 10 e 19 anos, uma fase de constantes mudanças e adaptações. “A gravidez na adolescência apresenta diferentes repercussões na vida dos adolescentes e para a compreensão desta problemática, é preciso considerar o contexto social, a história de vida, entre outros fatores determinantes. Sendo assim, devemos realizar ações voltadas tanto para a prevenção da gravidez precoce quanto para a atenção às adolescentes grávidas e os que já são pais”, explicou a assistente social Renata Soares.
No Brasil, um em cada cinco bebês nasce de uma mãe com idade entre 10 e 19 anos. Os números começaram a declinar na década de 2000, mas a situação ainda é preocupante: estima-se que mais de 400 mil adolescentes se tornam mães por ano no País, segundo o Ministério da Saúde. Isso significa que cerca de 18% dos brasileiros nascidos são filhos de mães adolescentes.
“Temos dados que apontam a importância de debatermos constantemente esse tema. Escolhemos duas escolas em Icoaraci para levarmos as orientações, tirar dúvidas e fazer o alerta. Também, vamos disseminar essas informações dentro da unidade, voltadas aos treinamentos dos colaboradores para o acolhimento dessas mulheres na hora do parto”, observou Suellen Santos, analista de humanização do Abelardo Santos.
Planejamento familiar -Entre as ações, serão levadas em consideração o atendimento para o debate sobre o momento de vida da adolescente, com abordagem do crescimento e desenvolvimento, discussão sobre o plano de vida, saúde sexual, planejamento familiar, saúde reprodutiva e pré-natal.
O Hospital Abelardo Santos é a maior unidade pública do Governo do Estado. Ele é administrado pelo Instituto Mais Saúde, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
*Texto de Roberta Paraense
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