De 2.777 servidores da Fundação Santa Casa do Pará, as mulheres equivalem a 2.086 do total desses profissionais. Nas profissões da área de saúde, como enfermagem, medicina, fisioterapia, terapia ocupacional, nutrição, psicologia e fonoaudiologia, e também no serviço social, a presença feminina ainda é mais evidente.
No caso da categoria de enfermagem, a maior do hospital e que reúne 1.276 profissionais, 1.101 são mulheres, mais de 86% do total. Para a enfermeira Benedita Rodrigues, que gerencia esse enorme grupo profissional e de mulheres em um dos maiores hospitais do norte do país, que é também referência na saúde materno infantil, as mulheres são historicamente maioria na categoria de enfermagem e na Santa Casa, mas sua importância para a assistência vai além desse expressivo quantitativo.
“Não é somente no aspecto de quantidade que a mão-de-obra feminina mostra sua relevância, mas também na qualidade assistencial assegurada aos nossos usuários e clientes, o que decorre do treinamento e da experiência das nossas profissionais, pois elas atuam tanto na assistência quanto na gestão, ensino, pesquisa e extensão. Portanto, todas as mulheres da enfermagem, com suas habilidades e competências, cooperam para os resultados globais do Hospital, ajudando-o a realizar sua missão de cuidar da vida das pessoas gerando conhecimento”, afirma a gerente geral de enfermagem.
E não é só na enfermagem que as mulheres se destacam na assistência prestada na Santa Casa. Elencando outras quatro categorias, em que depois da enfermagem, em números absolutos, elas também são maioria estão a Medicina, 302 do total de 426 profissionais; Serviço Social, com 52 assistentes sociais, dos 53 em atividade; Fisioterapia, com 46 mulheres, entre 65 profissionais; e Psicologia, em que as mulheres chegam a 30 de um total de 34 profissionais.
Entre essas mulheres que atuam na assistência está a psicóloga Cláudia Colin, que divide parte do seu tempo entre a assistência às mães e pacientes do ambulatório do prematuro e a referência técnica de psicologia do hospital.
Para ela, o fato de histórica e culturalmente ter sido atribuído à mulher o papel de cuidadora, pode ter influência em sua escolha profissional por profissões da área de saúde, que envolvem o cuidar, e muitas qualidades também se agregam ao seu exercício profissional, ressalta a psicóloga.
“As mulheres têm que dividir o tempo em várias tarefas, costumam ser muito disciplinadas, organizadas, detalhistas e empáticas e procuram fazer um planejamento prévio das suas atividades para otimizar o tempo. Tais características podem ser comprovadas no trabalho das equipes de saúde, cuja atenção não se restringe ao diagnóstico do paciente, pois consideram, também, os contextos familiar, social e cultural envolvidos no processo de adoecimento e hospitalização. Sem dúvida, a “sensibilidade feminina”, aliada ao conhecimento técnico e experiência profissional ajudam um bocado”, destaca Cláudia Colin.
Relevância
Qualidades e habilidades que para a enfermeira Benedita Rodrigues estão relacionadas às múltiplas funções e papeis desempenhados pelas mulheres hoje na sociedade, mas também às características biológicas que exigem do sexo feminino um contínuo exercício de superação.
“Imagine que ‘ser mulher’, condição existencial, carreira, universos paralelos em que elas transitam com naturalidade e bastante resiliência. Fazer plantões e dar expediente sentindo os impactos físicos e emocionais do ‘ser feminino’ exige esforço, inteligência, presença e boas escolhas. Porém, também oportuniza que essas profissionais também exerçam com plenitude papéis de relevância não apenas na Santa Casa, mas principalmente fora dela. As conquistas históricas ao voto, ao direito, à igualdade de condições, ao exercício social e ao fato de ser dona do próprio corpo, faz com que a mulher esteja onde ela quiser e faça o que quiser”, conclui a enfermeira.
Além de estarem presentes na assistência aos pacientes, na Santa Casa as mulheres são maioria nos cargos de chefia, ocupando quatro dos seis cargos da direção do hospital, nove de 15 assessorias e 52 das 69 gerências e coordenadorias da Fundação.
Na área de ensino e pesquisa, estima-se que 67,5% dos projetos de pesquisa apresentados à Fundação sejam de mulheres. Do total de estudantes matriculados no Programa de mestrado profissional, o percentual de participação feminina é de 80%. Já no programa de residência médica, as mulheres representam 70% dos futuros profissionais médicos.
Do quantitativo de pacientes atendidos na instituição, elas são o principal público. Só em 2021, do total de 20.491 internações, 17.681 foram de mulheres (86.3%).
Texto:Etiene Andrade com a colaboração de Rafaela Soeiro
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