Esperança. A palavra, que representa a crença em um futuro promissor, define a expectativa dos moradores que aguardam a hora de a Usina da Paz Nova União ser entregue. O momento tão aguardado está muito próximo: sábado, 19 de março, em Marituba, município da Região Metropolitana de Belém. “Só pelo fato de nós sermos privilegiados, com Marituba ganhando um espaço para ajudar nossos jovens, para ajudar as famílias, para nós já é muito gratificante”, afirma a pedagoga Elivalda Alves.
A moradora integra a Associação Comunitária do bairro, onde mora há cerca de 20 anos, e já consegue visualizar o progresso e a facilidade de acessar serviços que, atualmente, não estão ao alcance de todos. “Com a chegada da Usina, a tendência é progredir e não regredir, por isso a expectativa é que melhore cada dia mais tanto as vidas familiares, quanto financeira e social. Na verdade, o progresso começou um tempo atrás, pelo fato de as ruas melhorarem e, com esse espaço maravilhoso, nosso custo será ainda menor, porque quando a gente queria algo como documento ou cursos era muito distante das nossas vistas. Agora, nós vamos ter este privilégio aqui perto de nós, na Usina”, constata pedagoga.
“Espero ter algo pra mim, aqui. Sabemos que hoje o mercado de trabalho busca pessoas com profissões, formadas, capacitadas, e quem sabe aqui não será uma oportunidade de começar uma nova etapa da minha vida, um novo trabalho, um recurso a mais pra minha casa, pra minha família e pra todos que venham se beneficiar com o que será oferecido. Tenho uma filha de 14 anos, e espero que ela também possa fazer parte desse movimento”, é o que almeja Diana Ferreira, 47 anos, que por motivos financeiros e pessoais precisou interromper a faculdade de pedagogia, e agora deposita no complexo uma nova perspectiva de vida.
Ela e alguns familiares foram os primeiros moradores do bairro Nova União, onde a UsiPaz está instalada. Com base em toda essa vivência no local, ela conta que antes das ações do Programa Territórios Pela Paz (TerPaz), o cenário era bem diferente. “Esse bairro estava morto, esquecido, tanto é que muitos moradores abandonaram suas casas pela questão da violência que tinha antes. Hoje, graças a Deus, isso melhorou bastante. Estou gostando muito dessa oportunidade que a Usina já está trazendo para o nosso bairro, pros nossos jovens, porque sabemos que aqui tem muitas famílias carentes precisando de ajuda, principalmente na área da criminalidade. Já perdemos muitos jovens no nosso bairro, e hoje eu fico feliz em ver ser implantado um órgão que pode ajudar muitas famílias a trazer esses filhos e filhas pra cá, pra socializar com a comunidade”, narra a moradora. Para quem perdeu um dos filhos para o crime, como Diana, a Usina representa mais que um aparelho público.
Serviços- O Projeto Usina da Paz integra o Programa TerPaz, desenvolvido pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Articulação e Cidadania (Seac), em parceria com o setor privado, para atender necessidades mais urgentes da população. Em pleno funcionamento a partir da próxima semana, a Usina oferece mais de 80 serviços, que vão desde atendimento odontológico até aulas de teatro e ensino profissionalizante.
A estrutura oferece espaços esportivos, atendimento jurídico, inclusão digital, dança, robótica e salas audiovisuais, destaca o titular da Seac, Ricardo Balestreri. “O equipamento está preparado para receber e atender a população de Marituba. Estamos muito felizes com mais esta entrega, que será realizada pelo governo do Estado. As Usinas da Paz são parte de um projeto audacioso e grandioso, que já está beneficiando e transformando vidas na Cabanagem, em Belém, e no Icuí-Guajará, em Ananindeua. Agora, chegamos com a oferta desses serviços intersetoriais permanentes do Estado em Marituba, e convidamos a comunidade para que abrace e cuide desse complexo comunitário”, ressalta o secretário.
Legado- Para quem vive a transformação para uma cultura de paz desde o início, como Roberto Reis, que integra a rede local na Usina, a espera pela UsiPaz se assemelha à “chegada de um filho”. “Eu não tenho nem palavras para dizer como me sinto. Estou muito feliz por fazer parte desse projeto, por trabalhar em prol da minha comunidade e deixar esse legado para a população daqui”, diz Roberto Reis, que era uma liderança comunitária na área, e quando o TerPaz chegou a Marituba foi selecionado para ser um dos representantes dos moradores no âmbito do Programa. Hoje, dentro da Usina, ele faz a articulação dos projetos sociais do Estado na comunidade.
Roberto Reis, que mora há 35 anos no bairro, destaca o que já mudou desde 2019 na área com a implementação do TerPaz. “Na verdade, o projeto já vem trazendo muitas melhorias para o bairro União, e para Marituba como um todo, trazendo assistência de saúde, assistência técnica, asfaltamento, saneamento básico, emissão de documentos. Melhorou demais o nosso bairro através do projeto. Melhorou também a qualidade de vida dos moradores, trazendo mais segurança pública para nós. Agora, com a Usina, a tendência é melhorar muito mais”, acrescenta.
Socorro Bandeira também vem testemunhando a transformação social que Marituba vivencia nos últimos três anos. Diretora da Escola Dom Calábria, referência de ações do TerPaz no município, ela conta que não imaginava a grandiosidade da Usina. “Quando vimos as do Icuí e Cabanagem bateu uma ansiedade para chegar logo nossa vez. No papel não dava pra ver o tamanho que seria tudo isso. Certamente, será um espaço onde nossa missão com mais de 1.500 alunos só vai aumentar. Agora, existe um espaço específico e adequado para cada uma das ações”, diz Socorro Bandeira, afirmando que “a expectativa é de que possamos colher muito mais frutos, e que a gente possa continuar acompanhando nossos alunos”.
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