No mês dedicado para celebração da saúde auditiva, em março, a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima que mais de um bilhão de pessoas com idade entre 12 e 35 anos correm o risco de perder a audição devido à exposição prolongada e excessiva de música alta e outros sons recreativos.
Isso pode ter consequências devastadoras à saúde física e mental, educação e perspectivas de emprego. Daí, o tema da campanha deste ano: “Para ouvir por toda a vida, ouça com cuidado!”.
Para tanto, a OMS emitiu um novo padrão internacional para audição segura em locais e eventos onde a música amplificada é tocada. São eles: nível sonoro máximo de 100 decibéis; monitoramento e registro de níveis de som usando equipamento calibrado por pessoal designado; otimizar acústica do local e os sistemas de som para garantir uma qualidade de som agradável e uma audição segura; disponibilizar proteção auditiva individual para o público, incluindo instruções de uso; acesso às zonas de silêncio para as pessoas descansarem os ouvidos e diminuírem o risco de danos auditivos; e formação e informação para os trabalhadores.
Referência na assistência às Pessoas com Deficiência (PcD) no Pará, o Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), presta também atendimento aos usuários com deficiência auditiva e surdez. Em 2021 e janeiro e fevereiro de 2022, foram realizados 4.733 atendimentos com as especialidades de otorrinolaringologista e 20.990, em fonoaudiologia. No mesmo período, foram distribuídos 141 aparelhos auditivos.
De acordo com o otorrinolaringologista do CIIR, Murilo Lobato, normalmente as pessoas confundem o surdo com alguém que tem deficiência auditiva. A primeira situação caracteriza-se pela total ausência da percepção da audição. Já as que sofreram uma perda leve ou moderada, e têm parte da audição, são consideradas deficientes auditivas. “As pessoas devem ficar atentas para os sintomas das perdas auditivas e que podem evitar um estágio avançado. Durante a avaliação, quando a gente informa para o paciente que ele tem uma perda auditiva leve, às vezes causa surpresa ao afirmar que ele escuta. Mas, essa perda leve não quer dizer que ele é surdo”, observa o médico.
De uma forma geral, as medidas de prevenção são fáceis de seguir: evitar situações contínuas de excesso de volume de sons, seja em ambiente doméstico por meio de uso de alguns equipamentos, como fone de ouvido; ou em ambientes de lazer e festa, muito comum entre o segmento jovem.
Agradecimento- A família da dona de casa, Nelma Trindade da Silva, 44 anos, passou por algumas dificuldades, até descobrir que o pequeno João, 12 anos, um dos seus filhos, tinha deficiência auditiva. Em atendimento há dois anos com a equipe multiprofissional no CIIR, hoje ele já usa aparelho auditivo e ouve bem.
Mas antes disso, sua mãe teve dificuldades para descobrir a doença. “Como a imã dele teve fala tardia, nós achávamos normal, mesmo com cinco anos de idade, ele também não falar direito. Depois percebi que, quando eu chamava ele de frente ele entendia, mas quando fazia isso por trás dele, tinha que tocar no ombro para ele atender. A doença foi descoberta em uma consulta de rotina e, em seguida, ele foi encaminhado para tratamento aqui no CIIR” contou a genitora.
A mãe do garoto João relembra ainda que foi no CIIR que ele ganhou o aparelho auditivo que mudou a vida dele e de sua família, porque tudo ficou melhor: a comunicação entre eles e o relacionamento na família e amigos. “Até a voz dele melhorou, porque antes ninguém entendia o que ele falava e, por isso, ele se aborrecia muito e não queria mais falar. Hoje todos nós entendemos ele. Somos muito grato pelo atendimento no CIIR”.
Segundo o fonoaudiólogo do Centro de Reabilitação, Nelson Furtado, uma pessoa é considerada deficiente auditiva quando apresenta perda auditiva a partir do grau moderado. De acordo com o 4º Decreto federal de 3.298/1999, uma pessoa para ser considerada com deficiência auditiva, necessita apresentar em seu exame de audiometria tonal perda auditiva bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (perda auditiva moderada) ou mais, na média das frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz.
“As perdas auditivas podem variar de leve à profunda, além de serem classificadas com os tipos: condutiva, sensórioneural ou mista”, disse ao explicar que o tipo condutiva apresenta algum impedimento na condução eficaz do som, como obstrução do conduto auditivo. Já a sensórioneural apresenta alteração na parte sensorial (células receptoras da audição). A mista é identificada por apresentar componentes de ambas as perdas tanto condutiva quando sensórioneural.
O profissional também cita outras causas recorrentes que provocam a deficiência auditiva, além da exposição a ruídos, entre elas, a exposição de produtos ototóxicos (medicamentos, alguns produtos de limpeza) que podem lesionar a orelha alcançando causando danos às partes internas da orelha e vias neurais.
No CIIR, os usuários do serviço podem contar com exames audiológicos, de audiometria tonal e comportamental, logoaudiometria, imitanciometria, emissões otoacústicas, além do potencial evocado auditivo de tronco encefálico (BERA)
Apesar da significativa quantidade de pessoas com problemas auditivos no mundo e no Brasil, ele informa que não existe uma faixa etária específica à perda auditiva. “Porém, o envelhecimento decorre o que nós chamamos de presbiacusia, que é a alteração no órgão auditivo e/ ou vias auditivas do processo de envelhecimento. Por esse motivo, a faixa etária mais atingida acaba se tornando idosos ou entrando no processo do envelhecimento.
Mas, Nelson chama atenção para os riscos da exposição aos dispositivos eletrônicos, entre os jovens, que têm elevado a probabilidade de problemas auditivos, cada vez mais cedo.
Conquistas- No ambiente inclusivo do CIIR, os usuários assistidos podem contar com apoio de profissionais intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) nas áreas de atendimento. Há também a oferta de aulas de Libras para colaboradores, além de suporte ambulatorial e de exames para tratamento de surdos e pessoas com deficiência auditiva. Tudo isso 100% Sistema Único de Saúde (SUS).
Atendimento - Os usuários podem ter acesso aos serviços do CIIR por meio de encaminhamento das Unidades de Saúde, acolhido pela Central de Regulação de cada município, que por sua vez encaminha à Regulação Estadual. O pedido será analisado conforme perfil do usuário, pelo Sistema de Regulação (Sisreg).
Serviço- O CIIR é um órgão do Governo do Pará, administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O Centro funciona na Rodovia Arthur Bernardes, n° 1000. Mais informa
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