A mineradora Vale (VALE3) divulga seu balanço do primeiro trimestre de 2022 nesta quarta-feira, 27, após o fechamento do mercado. Grande parte das expectativas está ancorada no relatório de produção da empresa, divulgado na semana passada – que foi mal recebido pelo mercado. O balanço financeiro, no entanto, não deve ser prejudicial para as ações, segundo as previsões dos analistas.
O relatório de produção revelou que a Vale reduziu em 6% a produção de minério de ferro nos primeiros três meses do ano frente ao mesmo período do ano passado. Entre as explicações para a menor produção, a empresa citou as chuvas em Minas Gerais, que chegaram a paralisar a operação da empresa em janeiro.
A expectativa é que a baixa afete o principal indicador de caixa operacional da companhia, o Ebitda (sigla para lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização). O consenso dos analistas calculado pela Bloomberg aponta que o Ebitda da companhia deve ter ficado em torno de U$ 6,7 bilhões, uma queda de 5,7% na comparação trimestral e de 22,5% na anual.
As perdas, no entanto, já são esperadas por analistas. “Estamos confortáveis com nossas estimativas já que [a perda de produção] provavelmente será compensada por um prêmio de qualidade mais forte do que o esperado e melhor mix de vendas”, afirmaram, em relatório, analistas do Itaú BBA. A estimativa do banco é de um Ebitda de US$ 6,5 bilhões.
Estimativas do consenso Bloomberg
Lucro líquido: US$ 4,110 bilhões
Receita líquida: US$ 11,253 bilhões
Ebitda: US$ 6,706 bilhões
É possível, inclusive, que a companhia surpreenda positivamente. “Apesar dos números de produção mais fracos do que o esperado no primeiro trimestre deste ano, acreditamos que a Vale ainda pode entregar a produção anual de minério de ferro dentro do limite inferior do guidance [projeção]", disseram, em relatório, analistas do Goldman Sachs.
"Do lado positivo, os prêmios de minério de ferro aumentaram de US$ 0,40 por tonelada no quarto trimestre de 2021 para US$ 4,40 por tonelada no primeiro trimestre de 2022”, afirmaram.
Um alívio no balanço frente ao relatório de produção pode inverter a trajetória dos papéis da Vale, que já enfrentam sete pregões consecutivos de queda e acumulam baixa de 18% em abril.
Vale lembrar, no entanto, que a ação da empresa está caindo devido ao aumento de casos de Covid – e consequentes lockdowns – na China, principal mercado e importador da commodity. E essa é uma questão que ainda não tem horizonte para ser resolvida.
“O sentimento no curto prazo permanece altamente contaminado pela falta de visibilidade da política de zero Covid da China e os bloqueios agressivos [implementados pelo país], que vêm adicionando complexidade à nossa tese otimista”, afirmaram os analistas do BTG Pactual em relatório divulgado no último dia 20.
A recomendação da casa é de compra para os papéis, considerando ainda um momento de oportunidade causado pelas quedas recentes. O Itaú BBA também recomenda a compra das ações da empresa, enquanto o Goldman Sachs tem recomendação neutra para os papéis.
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